
A coluna vertebral ou ráquis é formada por 33-34 vértebras distribuídas por quatro regiões.
São elas: região cervical, com 7 vértebras; região torácica, com 12 vértebras; região lombar, com 5 vértebras; região sagrada, com 5 vértebras; e coccígea, com 3 ou 4 vértebras.
A coluna vertebral constitui uma longa haste formada por peças ósseas sobrepostas que, de cima para baixo, aumentam progressivamente de volume até à segunda vértebra sagrada. A partir deste ponto, a coluna adelgaça-se, dando ao conjunto uma forma losangular, de triângulo superior mais alongado que o inferior. Esta não é uma haste rígida, apresentando curvaturas no plano sagital, nomeadamente as curvaturas cervical e lombar, que são curvas secundárias designadas lordóticas, pois são côncavas para trás. As curvaturas primárias são a curvatura torácica e a curvatura sacro-coccígea, denominam-se cifoses e são concavas para a frente. Estas mesmas curvas permitem um certo grau de mobilidade.
A coluna é uma estrutura que está constantemente em esforço. Ela suporta a cabeça, os ombros e toda a parte superior do corpo. É ela que suporta a posição vertical do corpo e permite a flexibilidade para os movimentos de torção e de inclinação. Em simultâneo, tem a função essencial de proteger a medula espinal.
A coluna vertebral e a sua musculatura são uma estrutura biológica e mecânica complexa, composta por dois tipos básicos de tecido: osso e partes moles.
As raquialgias são dores na coluna vertebral. São as queixas reumáticas mais frequentes e um dos principais motivos de incapacidade antes dos 45 anos. Estas dores podem ser de causa degenerativa, infeciosa, inflamatória, metabólica ou neoplásica. Os segmentos cervical e lombar são normalmente os mais afetados.
As “European Guidelines for Prevantion in Low Back Pain”dizem que as taxa de crianças com dor lombar se aproxima da dos adultos. Segundo as mesmas, a taxa cresce quando se entra na adolescência e atinge o pico entre os 35 os 55 anos de idade, algo que se relaciona com o modus vivendi das gerações mais jovens.
A influência genética é apontada como causa responsável de dor nas costas em pesquisas recentes. A lombalgia aguda é geralmente considerada auto-limitante, e embora tenha uma taxa de recuperação de cerca de 90% ao final de 6 semanas, cerca de 2% a 7% das pessoas desenvolvem dor crónica.
A raquialgia, com especial enfoque para a lombalgia, é um sintoma frequente na população em geral, segundo a The Norwegian Back Pain Network, estudos realizados em vários países verificaram que 60 a 80% da população vai sentir dor lombar com ou sem radiação uma ou mais vezes na vida. Nas últimas duas a três décadas tem existido um aumento considerável de problemas lombares nos países ocidentais.
A fisioterapia e a coluna vertebral
O fisioterapeuta deve avaliar o doente como um todo, adotando uma visão holística e biopsicossocial, de modo a elaborar um diagnóstico funcional (baseado na relação estrutura/função). A abordagem inicial da raquialgia baseia-se, essencialmente, em elementos de natureza clínica, nomeadamente uma anamnese e exame objetivo cuidados que são, em geral, suficientes para o diagnóstico funcional da raquialgia comum.
Como o risco de sofrer de raquialgia aumenta com certas atividades profissionais, em particular as que exigem esforços físicos importantes ou posturas prolongadas com a coluna em flexão e/ou rotação. Neste sentido, o contexto socioprofissional e psicológico do doente deve ser tido em conta na abordagem inicial, procurando reconhecer fatores de risco de evolução para cronicidade.
O primeiro objetivo passa sempre pela distinção entre as causas mecânicas e não mecânicas da dor, incluindo a identificação de situações como infeção, doença inflamatória, tumor, fratura osteoporótica ou patologia extra-raquidiana, que necessitem de tratamento específico. Nestes casos, é necessário ter em consideração as linhas orientadoras e encaminhar o paciente para um médico.
Não existe uma estratégia terapêutica eficaz para todas as formas de lombalgia. O tratamento varia consoante se trata de uma lombalgia aguda ou crónica, da presença ou da ausência de radiculopatia (dor com origem em compressão da raiz nervosa) da origem da dor (discal, interapofisária ou músculo-tendinosa) e do contexto socioprofissional e psicológico do doente. Nas lombalgias agudas, e excluídos os casos de cirurgia, o tratamento tem por objetivo aliviar a dor e a prevenção de possíveis recidivas. Esta prevenção pode ser feita pelo fisioterapeuta identificando possíveis alterações posturais, estruturais e alteração do controlo motor. Não obstante existe um leque enorme de modalidades terapêuticas que poderão ajudar não só no tratamento em fisioterapia como na prevenção (exercício terapêutico, reeducação postural global, pilates clínico, exercícios de endurance por biofeedback, mobilização articular, manipulação articular, tração vertebral, entre outros.
Em caso de dúvida ou esclarecimento adicional contacte um fisioterapeuta.
Por Luís Ventura
Artigo publicado nas edições nº 1055 e 1056 do Jornal da Mealhada