
Todos conhecemos as recomendações gerais para a população emitidas pela Direção Geral de Saúde e a advertência para ficar em confinamento obrigatório no domicílio.
É natural que este isolamento nos cause, numa primeira fase, alguma inquietude, tristeza e stress., tanto pelo confinamento domiciliar, como por tudo o que advém dele. E porque não aproveitar este momento para uma nova aprendizagem?
O facto é que a aprendizagem ocorre sempre, em qualquer lado e em qualquer momento. Tudo é aprendizagem, o que varia é o modelo através do qual essa aprendizagem decorre. O mundo está em constante transformação, não só a nível ambiental e histórico mas também a nível emocional. Vivemos tempos de exceção. Tempos para os quais não estávamos preparados.
O que proponho é uma aprendizagem baseada num modelo de saúde no seu todo. E o que é a saúde? A saúde é um conceito positivo, um recurso quotidiano que implica um estado completo de bem-estar físico, social, mental e espiritual e não apenas a ausência de doença e/ou enfermidade. Dentro desta perspectiva, a educação para a saúde deve ter como finalidade a preservação da saúde individual e coletiva.
Devemos então procurar combater esse stress, as preocupações e a apatia que advém desta situação que a Covid -19 gerou, através de um estilo de vida mais saudável em que deveremos ter atenção a uma alimentação equilibrada, variada e à atividade física.
A atividade física traz benefícios para a nossa saúde, foi o que sempre ouvimos dizer. Faz bem ao corpo e à mente! É este o argumento que nos habituámos a ouvir. Na perspectiva do fisioterapeuta é importantíssimo manter esta atividade física, principalmente nesta fase em que estamos em ambiente domiciliar.
Vejamos a nível músculo – esquelético: se mantivermos os nossos músculos ativos, vamos evitar alterações a nível do controlo motor, pois se existir diminuição da atividade dos músculos profundos, isto leva a um défice de movimento relacionado com a dor. Perante isto, temos que dar a responsabilidade aos músculos – para que uns sejam estabilizadores e outros proporcionem movimento. Se conseguirmos, iremos ter movimento sem dor.
Neste contexto é imperativo exercitar o corpo para manter a força muscular; mobilizar as articulações e fazer alongamentos. Cada caso é único pois existem indivíduos que já têm uma cultura de atividade física, que devem manter e adaptar.
É portanto urgente “ativar” a vida e alterar prioridades, combatendo a inércia e criar rotinas de atividade física com o objetivo de criar uma nova atitude que incite ao dinamismo saudável do nosso corpo, despertando para uma efetiva compreensão da educação pelo movimento, sendo que movimento é sinónimo de desenvolvimento de múltiplas capacidades.
É na componente da mediação e facilitação que o fisioterapeuta pode intervir assim como os outros profissionais de saúde e os profissionais de desporto que têm a responsabilidade de funcionar como mediadores entre os diferentes interesses em relação à saúde, existentes na sociedade.
Quanto à intervenção da fisioterapia propriamente dita essa passará por educação para a saúde. No meu ponto de vista não poderá ir além de um aconselhamento para atividade física ou algumas sugestões de exercício terapêutico e ainda uso de agentes físicos (gelo/calor) perante a dor.
A positiva “manutenção” da essência do ser humano, depende somente de cada um de nós. E a atividade física, que tanto negligenciamos, é o ingrediente fundamental para a promoção de saúde e bem-estar que tanto procuramos porque, se formos fisicamente e mentalmente saudáveis, teremos as nossas capacidades num nível mais elevado, seremos indivíduos mais aptos e, consequentemente, mais íntegros. E, desta forma, estaremos mais perto de alcançar o estado de felicidade.
Por Luís Ventura
Artigo publicado na edição nº 1067 do Jornal da Mealhada